A Carta e o Silêncio : o dito pelo não dito!

Às vésperas de viajar, algo de muito bom poderia acontecer. Não que não tenham acontecido coisas boas nos últimos dias, mas algo de “simplesmente” maravilhoso poderia me ocorrer. Algumas coisas são difíceis de serem completadas com êxito. Vergonha, isso sim, não leva a nada. Você cresce um pouco, se considera madura e, na primeira oportunidade, avacalha com tudo. Ainda sobre o sexto sentido, vale ressaltar que esse sim é muito útil. Mas em certas ocasiões, tu acabas por não equilibrar ou identificar ele com os sentimentos que brotam, como vertente enfurecida, e paga por aquilo que, em verdade, não és ou não deverias ser naquele exato e único momento.

Lembrando do que a minha professora do Técnico disse, a respeito dos e-mails, depois deu ter travado com ela uma ferrenha discussão sobre o assunto, tenho que admitir que ela tinha razão. Quero salientar que não estou aqui justificando a postura de ninguém, apenas contextualizando os fatos. Ela, numa dinâmica em aula, pedi-nos para escrever uma carta para um colega, via sorteio. Após escrevermos, ela nos entregou envelopes e selos. Os organizamos e as entregamos. Alguns dias depois, a expectativa, quando será que a minha carta irá chegar? Pois bem, eis a conclusão dela: quando se escreve à mão uma carta, se deposita nela algo de esforço, algo de dedicação, por escrever palavra por palavra. Isso dá à carta algo de sentimento e entrega. Agora, porque? Hoje em dia, com as modernidades informáticas de comunicação, as pessoas não têm mais esse tipo de atitude, escrever uma carta, selar etc.

As “coisas” tornaram-se um tanto impessoais demais. E, concordo! Mesmo o MSN, em tempo real, tu crias uma distância grande da pessoa com quem estás conversando. Mesmo o e-mail sendo uma “carta” on-line, ela continua sendo impessoal. Tudo está mais impessoal e mais difícil de ser interpretado pelo sentimento. Claro, nem tudo é assim. Identificam-se ainda, nos e-mails, os tipos arrogantes, engraçados, alegres, simpáticos, metidos, asquerosos etc. Então, mesmo que eu concorde que ela esteja certa nesse ponto, ainda sim, não se pode , simplesmente, descaracterizar um e-mail por considerá-lo impessoal, visto que ele ainda diz muita coisa que a boca não tem coragem de expulsar. Mesmo assim, ainda não é uma fonte viva de expressão.

Porto Alegre, 16 de julho de 2008.
Tamirez Paim

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