Da Noite ao Dia - idéia descritiva

Mais do que sentir o calor do escaldante verão, cuja umidade no Sul deixa o corpo suando incessantemente, é sentir o fervor da raiva. Às vezes, é algo humanamente incabível de evitá-la, ainda mais quando o “capeta” toma o homem em transe. Mas à noite, quando o corpo pede trégua, os sapos dormem e os pernilongos vivem, poucas coisas aquecem um coração saudoso – cheio de saudade-, ainda mais nos extremos negativos do inverno.
O dia amanhece, e o Sol dá mais brilho aos viventes do que calorias aos andarilhos nas ruas da Capital. A cidade amanhece vazia, como de costume e em qualquer lugar, e os que nela vivem, não em casas como os ricos e quase todos da classe média, expressão criada por sociólogos, mas debaixo das marquises e encostados em muros, com seus odores fétidos e aparência humilhante.
A Capital antiga de festividades, dos tempos dos Açorianos, agora é circo com ausência de mimos. Do silêncio tranqüilo dos pampas, restam algumas ruas e poucos bairros afastados das grandes avenidas ou dos centros comerciais. O que se ouve a ladrilhar o asfalto são sirenes de polícia e de ambulâncias, como também ecos de protestos sociais.
O amor ficou nos poucos corações. Nos outros, só o combustível interesseiro. A lógica, não só se inverteu como também se equiparou a homens e mulheres, aleitou-se nos peitos fartos de umas com dinheiro ou providas de belezas desproporcionais e turbinadas de natureza carnal, ou nos bolsos dourados de alguns, ou na provável companheira a sustentar-lhes. Mas tudo não passa de cláusulas contratuais, ou meramente verbais.
Tamirez Paim

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