Não gostaria de tirar o mérito de nenhuma família ou desalojado, mas observando os últimos acontecimentos que a mídia expressa e, até nossos próprios olhos observam no cotidiano, qual a diferença daqueles que perderam tudo na Vila Chocolatão e nos alagamentos decorrentes das últimas enxurradas no interior do Estado?

Será que o estado miserável de uns é aceitável e o sofrimento de outros por fenômenos naturais é terrível? Podemos começar a analisar por dados : não foi um pequeno espaço de terra “pública, invadida, habitada por pedintes e catadores de lixo” que pegou fogo por imprudência de talvez um “gato de luz”, desviada daqueles que pagam suas tachas de eletricidade mensalmente. São crianças também e idosos que vivem por ali, no limiar de suas vidas indignas.

A Região Sul do Estado viveu um estado de calamidade pública chocante e traumatizante. Famílias perderam quase tudo materialmente como sempre o é . Milhares de crianças perderam seus brinquedos, videogames, bolas de futebol, bonecas etc. E , desculpe a sinceridade, mas quem lembrou daquelas que nasceram e nunca tiveram nada, talvez uma bola de saco plástico recheada de lixo para fazer volume? Que famílias cataram do lixão um saco de arroz vencido a 1 semana do meio de papel não-higiênico? Quantas foram pro colégio só pra comer a merenda escolar, que muitas vezes não tem quando o Governo desconfia que as contas escolares estão sendo “mal administradas” ou foram desviadas para outras coisas, talvez um bolso jeans (dos ditos governantes) ?

Há, meus amigos! Engana-se quem acha que vive mal, reclama da casa velha, da televisão fora de linha, do tênis que não é o da moda! Santa Barbaridade!

Por isso, talvez seja melhor ajudar primeiro os que tinham uma estrutura relativamente média a manterem-se nessa qualidade, focalizando planos de reestruturação para essas famílias desalojadas e desabrigadas, com intuito de não aumentar a tal pobreza declarada e abandonada nas ruas. Aí todo mundo doa colchão, fogão, roupa, comida, material de limpeza, etc. . E me diz uma coisa, se não fosse isso, quem lembraria em massa desses que nada tem?


Nunca vivi na pobreza, porque meus pais trabalharam muito pra me dar uma vida tranqüila. Se reclamei algum dia ? Que Deus tenha tido piedade dessas palavras insanas. Quando vejo algum “almofadinha” não dando valor para o que tem ou fazendo piadas de mal gosto ( do tipo racistas) : “Meu amigo, vai procurar tua turma!” . Pode ser um defeito meu, mas não tolero. Qual quer tipo de menosprezo , de qualquer grau, de qualquer tipo.

Eu senti o que uma mãe com um filho excepcional vive no seu dia-a-dia, um pequeno fragmento, mas muito valioso de amor, quando vivi 1 mês dentro da APAE. E vejo muitas mães por aí largando filho no mundo como quem troca de calcinha, até elas irem parar nessas casas de proteção e ficarem a espera de doação. E , mesmo assim, ainda existe preconceito em cima dessas crianças, como se carregassem dentro delas genes de marginais.

Ficaram meio fora de conexão os parágrafos, mas a ideia está lançada.

Comentários

Ótimo questionamento, Tamirez! Não acompanhei em detalhes as consequências das fortes chuvas no RS mas sei que houve grandes perdas, tanto materiais quanto de vidas. Acho seu argumento bastante coerente e compartilho do seu ponto de vista. Parece que sempre a vida daqueles que tem mais vale mais. Como quando morrem alguns "almofadinhas" nos tiroteios diários do RJ. Centenas de "favelados" morrem todo dia, mas quando morre alguém de família "nobre" se arma um circo em volta disso. Como vi uma vez em um filme: "protesto é pra morte de rico".
Meus pêsames pelos mortos das chuvas e que todas as famílias possam ter de volta sua dignidade.
Beijo Tamirez!

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