O Viamão Lotado


Seis e quarenta e cinco da manhã, subo no ônibus mais conhecido como minhocão - a minhoca de metal - como diz O Rappa em sua música O Rodo Cotidiano, ou mais conhecido como o “Viamão Lotado”. Quase cheio, se não fosse apenas um lugar vazio na parte cruel onde ficam a maioria dos idosos em pé, enquanto o ônibus está vazio na sua traseira, não menos com uns 40 lugares a sentar em alguns horários do dia.

Esse um lugar - o último restante de cor vermelha -, ao que passei não dei importância, no sentido de me ser valioso para sentar mas ser ao mesmo tempo penoso para minha mente, pois ainda acredito que os lugares com “prioridade” para idosos, gestantes, etc. devam ser respeitados, não só esses mas quando também ainda sou jovem suficiente para dar lugar aos que já cansaram ou precisam sentar . Só que eu estava ainda nas paradas iniciais de um trajeto de mais 50 minutos em seu interior rumo ao meu destino. O que fazer?

O cobrador muito gentil disse a mim que não teria problema em sentar ali, de certo não teve, pois o ônibus não encheu exageradamente tal como uma “sardinha humana”. Confesso que fiquei apreensiva por estar sentada ali. Em verdade, os próximos passageiros que entraram não constavam na lista da prioridade, mas sempre que parava eu observava atenta quem subia por peso na consciência e por estar num lugar “proibido”. A famosa transgressão de regras, seria isso uma ou apenas um cartaz qualquer salientando : não jogue lixo no chão?

A situação mais triste em andar de “pinga” é ver as pessoas em pé depois de passar o dia trabalhando ou os idosos , visivelmente inchados nas pernas pelo peso da idade. Ainda bem que muitos ‘homens’ em final de carreira do cordialismo são gentilmente sensibilizados e sedem lugar a mães com bebês de colo ou acompanhadas de crianças pequenas. Eu procuro sempre dar lugar a idosos e casos assim ou jovens senhoras. Mesmo assim, o ônibus em si é um local à parte , ninguém se conhece mas todo mundo divide o mesmo espaço 1 hora junto no mesmo local e, muitas vezes, tendo que respirar o mesmo ar.

Eu poderia escrever muitas questões acerca da qualidade péssima da maioria dos ônibus em circulação e de suas respectivas empresas, sem contar o valor da tarifa intermunicipal. Mas, apesar de tudo, eu gosto do ônibus. Claro que aqueles confortáveis, com ar condicionado, sem pessoas em pé, como crianças famintas olhando o pedaço de bolo na janela, são melhores e mais rápidos. No entanto, ultimamente, tenho sido transportada pelos ônibus “pinga" e que confesso que, mesmo não devendo me preocupar com tais coisas, me sinto sensibilizada sempre a questionar isso tudo.

Viamão, 22 de janeiro de 2009.
Tamirez Paim

Comentários

Tamirez,
Pela minha breve experiência por aí, posso dizer que mesmo os ônibus "pinga" daí são melhores que qualquer ônibus daqui. Lugar preferencial no ônibus? Te juro que nunca vi nem nunca ouvi falar de algo parecido no sistema de transporte daqui. Além de mais confortáveis, os ônibus daí pelo menos têm linhas eficientes. Apenas para comparação: aí, em 50 minutos se sai de Viamão a vai-se ao centro de Porto Alegre; em Brasília você gastaria esse tempo para sair de qualquer lugar da Asa Sul e ir à Asa Norte numa distância de no máximo 15 km. Sem contar os ônibus que vêem das cidades satélites com gente saindo pelo ladrão e caindo aos pedaços...
Enfim, acredite, o Viamão lotado poderia ser pior...
Beijo Tamirez
Kim disse…
oi tamirez
só dizendo que passei por aqui!!
legal teu blog
beijos kim
uma hora dessas temos que marcar algo
pedblan disse…
Por um Brasil de trem JÁ!

Estamos vacilando: http://www.iht.com/articles/2009/01/22/business/yuan.2-413647.php

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