A mulher


A mulher

O corpo latejava um líquido fervido- seu sangue escarno acelerado. Não tinha razões para mentir, era verão , era boas novas. Principiar de um novo ano, talvez o último de muitos tristes. Tinha motivos para se levar, desligar-se do áspero vazio da espera.

Não buscava encontrar-se com a saudade, ela era fria e doce ao mesmo tempo. Pontadas, como facas, que atravessavam o peito erguido diante das mais corajosa impressão, marcada na pele, guardada na memória. Não abria a porta da esperança, o vulto sombrio dela poderia vir lhe abraçar e seria tarde demais para se entregar aos seus encantos malignos.

Doce sereia rodeada de flores era ela, tempestuosa como uma chaga aberta ou graciosa com uma migalha de lembrança. Aquelas gralhas famintas lançavam-se na esperança de lhe provar-lhe, ao menos, sentir o aroma do perfume primaveril na seca rastejante dos seus corações.

As lágrimas eram secas, regadas de ódio. Eram perversas. O desespero. O medo. O receio. Os pés.

Comentários

Anônimo disse…
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