Azaléia ...



Em 2006, visitei a fábrica da Azaléia em Parobé. Foi uma visita técnica promovida pela Escola Técnica da UFRGS durante o curso técnico em Secretariado. Fiquei impressionada com a imensidão do local, com seus mega pavilhões, saguões. Chegamos no período do intervalo do almoço, vimos a grande quantidade de trabalhadores de jalecos azuis.

O propósito da visita era o de conhecer a estrutura de uma grande empresa. Fomos recebidos com salgadinhos e refrigerantes como também presenteados com CD’s do Coral de Funcionários da Azaléia. Tudo bastante agradável administrativamente.

Ao sairmos para os pátios, onde ficavam os imensos galpões, deparei com aquela visão de fábrica dos Tempos Modernos. Pessoas, lado a lado, sem conversarem, repetindo a mesma tarefa numerosas vezes ao dia, com protetores auriculares devido ao enorme ruído que as máquinas de costura emitiam. Assim, estava ali o trabalhador proletariado, modernamente adaptado.

Pois bem, com a notícia dessas 800 demissões pairando sobre os meios de comunicação, não foi difícil não escrever algo que para mim muito gratificante culturalmente: ver um modelo de fábrica ao estilo capitalista. Charlie Chaplin não se enganou ao descrever em sua obra de arte o modelo de estrutura capitalista da Revolução Industrial.

Agora me deparo com a constituição de um social dessa cidade que até bem pouco tempo parecia ser pairada por uma nuvem de estabilidade empregatícia em virtude do calçado, numa fábrica de grande porte com valores capitais enaltecidos entre seus funcionários os quais tinham acesso a creches bem estruturadas ( juntamente com berçários), pois eu vi. Se 80 crianças ficaram sem creche, imagine a rotatividade de crianças que são assistidas pela Azaléia diariamente?

Então, tratando agora da questão econômica, se os incentivos fiscais são falhos a essas grandes empresas, se o Nordeste oferece melhores lucros, se o Brasil perdeu a exportação de calçados para os EUA em virtude da China, se a Argentina, país vizinho, oferece melhores condições comerciais, será que o problema não está aqui? Não é hora de repensar o modelo estrutural comercial do Estado frente a essas grandes empresas já estaladas, para que não aconteça essa defasagem empregatícia numa cidade de pequeno porte como Parobé? Quantas outras cidades gaúchas estão na mesma corda bamba sem se darem conta?

Por fim, algumas empresas já estavam oferecendo empregos aos dispensados da fábrica. Parece, pelas fontes jornalísticas, que a Azaléia corresponde a 30% do ICMS do município que tem 80% da sua economia baseada no setor calçadista. Talvez para uma parcela pequena não seja tão difícil conseguir uma recolocação no mercado de trabalho, mas para outra será um desafio. Assim, eis o modelo capitalista do mercado de produtos atravancando a economia de populares.

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